A manutenção centrada na confiabilidade é uma prática essencial dentro das empresas para mitigar riscos e pode ser usada em diferentes segmentos.
“Qual a confiabilidade que este avião possui?”. Uma pergunta que parece simples, mas foi responsável por ser o ponto de partida para uma grande transformação. Graças a ela, se tornou possível o surgimento do conceito de manutenção centrada na confiabilidade.
Para contextualizar, precisamos retornar quase 60 anos no tempo, até 1964. Na ocasião, a Boeing, uma das maiores empresas aéreas do mundo, fazia testes para o lançamento de seu modelo 747. Até então, considerada a maior aeronave para transporte de cargas e pessoas.
Entretanto, para realizar o voo, era necessário ter uma certificação da FAA (Administração Federal da Aviação). O órgão regulador da aviação civil nos Estados Unidos então fez o questionamento do primeiro parágrafo a respeito da confiabilidade do meio de transporte.
Diferentes profissionais da engenharia trabalharam de maneira incansável para conseguir uma resposta com maestria. E forneceram! A certificação necessária para o voo saiu ao responderem que a confiabilidade era centrada justamente no processo de manutenção.
Isso então foi o ponto de partida para que a metodologia fosse usada em diferentes lugares. Depois da aviação civil, ainda se expandiu de maneira diversificada para setores como o aeroespacial, o militar, o de energia e até mesmo o de plataformas de petróleo.
Hoje, a manutenção centrada na confiabilidade pode ser usada em todas as áreas que exigem manutenção. Quer se aprofundar no assunto e entender melhor o conceito? Siga a leitura do conteúdo e veja também as vantagens, os objetivos e importantes conceitos.
O que é a manutenção centrada na confiabilidade
É uma política focada no negócio que pode ser usada em diferentes segmentos, principalmente na indústria, com objetivo de mitigar riscos. Tudo isso deve acontecer ao realizar, de maneira periódica, a manutenção dos itens.
Por meio deste processo, dá para identificar falhas que estão ocorrendo ou possam vir a acontecer. Permite assim que aconteça a correção para alcançar com eficiência e eficácia aspectos essenciais, como segurança, disponibilidade e economia nas operações.
O ponto de partida para o conceito de manutenção centrada na confiabilidade foi no ramo da aviação civil.
Também chamada de manutenção RCM, corresponde à junção de três grandes áreas: gestão de ativos, engenharia da confiabilidade e gestão da manutenção. Com o auxílio de um planejamento de produção, pretende alcançar importantes objetivos ao ser executada.
- Preservar a função dos equipamentos ao manter o ativo disponível;
- Restaurar a confiabilidade do projeto;
- Melhorar a relação custo-benefício;
- Otimizar as operações do equipamento;
- Minimizar custos do ativo;
- Executar ações em função de efeitos de falha;
- Descobrir e eliminar as falhas e suas causas.
Quais as etapas da manutenção RCM?
Há quatro tipos de manutenção que fazem parte da estratégia. Elas devem ser combinadas e aliadas entre si para potencializar os resultados. É fundamental que o profissional faça a identificação do mais indicado para cada um dos casos.
1. Corretiva
Como o próprio nome diz, o intuito é corrigir uma falha que já aconteceu. Geralmente, essa parte da manutenção centrada na confiabilidade costuma englobar itens não críticos, redundantes e sem consequência para o processo.
2. Preventiva
A ideia aqui é antever possíveis falhas ou problemas que possam acontecer. Dessa forma, trabalhar para reduzir riscos que podem englobar, por exemplo, itens de desgaste, padrões de falha conhecidos e até mesmo consumíveis.
3. Preditiva
São falhas aleatórias que acontecem em itens não sujeitos a desgaste, onde a manutenção preditiva pode introduzir falhas. Assim, o objetivo deve ser o monitoramento dessas falhas em potencial para evitar que aconteçam ou até mesmo corrigir logo no início.
4. Proativa
Todo erro deve ser visto como uma forma de aprendizado. Esse tipo de manutenção faz a análise de falhas que aconteceram a fim de descobrir suas causas. Por meio do processo, há uma aprendizagem contínua para evitar que os problemas voltem a acontecer.
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Por que aplicar na indústria?
A manutenção centrada na confiabilidade é uma estratégia na indústria.
Existem dois pilares que devem ser seguidos na hora de aplicar a manutenção centrada na confiabilidade no setor industrial. O primeiro é a previsão da manutenção para antecipar quando estragará. O outro é a confiabilidade das peças usadas, o quão são confiáveis e resistentes.
Identificar esses dois pontos torna a otimização de recursos na área ainda melhor. Ao mesmo tempo, garante a produtividade em todas as etapas ao antecipar riscos e evitar dores de cabeça maiores no futuro. Leva então a resultados concretos no dia a dia.
Mas, como fazer isso na indústria? Essa é uma dúvida comum e, antes de qualquer coisa, é preciso um estudo aprofundado sobre a situação dos equipamentos. Isso vai mostrar como está a situação, o que precisa de manutenção e onde há falhas.
Quando você consegue antecipar falhas ou identificar logo no início, as chances de ter problemas são muito menores. Como tudo está interligado e funcionando como uma engrenagem, qualquer problema tem capacidade de afetar todo círculo produtivo.
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De olho no FMEA
A FMEA (Análise de Modos de Falha e seus Efeitos) é uma metodologia responsável por identificar a causa das falhas e suas consequências, que vai fornecer um Número de Prioridade e Risco, o RPN, baseado em três aspectos que se conectam.
- Ocorrência
- Severidade
- Detecção
Em escala de 0 a 10, dão uma dimensão das falhas – quanto maior o número, mais grave. A ocorrência se refere à possibilidade de acontecer. Já a severidade avalia a gravidade caso a falha ocorra. Por último, a detecção mostra a chance de detectar logo no início.
Com esse cenário desenhado, é possível selecionar qual dos quatro tipos de manutenção deve ser utilizado. Isso proporciona maior poder de organização à indústria e fornece um processo de melhoria contínua para a rotina dentro da instituição.
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Vantagens da manutenção centrada na confiabilidade
A aplicação do processo de manutenção centrada na confiabilidade não é um processo simples. Entretanto, traz importantes benefícios para o dia a dia quando executado de maneira correta e com muito planejamento entre os responsáveis.
O aumento na vida útil das peças está entre os principais pilares da estratégia.
Entre as vantagens, é possível citar:
- Ampliação da produtividade na rotina industrial;
- Aumento na vida útil de equipamentos e máquinas;
- Diminuição da ocorrência de falhas;
- Excelente custo-benefício;
- Informações sobre o maquinário e a saúde da empresa;
- Maior eficiência na execução do dia a dia;
- Maior segurança ao mitigar riscos;
- Melhoria contínua no processo produtivo;
- Redução de custos ao eliminar falhas que podem levar à manutenção;
- Substituição de um ativo por outro novo quando identificada a necessidade.
Mesmo que o RMC seja essencial para uma empresa e possa trazer resultados concretos, de nada vai adiantar se ele não for executado da maneira correta. Por isso, é fundamental fazer o treinamento com os colaboradores para que tudo saia conforme o planejado.
A manutenção centrada na confiabilidade leva tempo até ser implementada, mas pode se transformar em uma grande aliada em diferentes segmentos. Não tenha medo de se arriscar a inovar, pois o processo parece complicado no início, mas é recompensador.
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