Saiba quais são as principais tendências no agronegócio e de que forma isso se relaciona com o mercado
Você já parou pra pensar no quanto o mundo mudou, rápido e bruscamente, especialmente com o avanço tecnológico das últimas décadas, e em como isso afeta os diversos contextos sociais e mercadológicos?
Nesse cenário de mudanças, e analisando o papel que a agricultura desempenha em nosso estilo de vida e na sociedade atual, tente imaginar quantas transformações foram necessárias neste setor para satisfazer novas demandas emergentes.
Se levarmos em conta a trajetória do agronegócio no Brasil, vemos que começou a caminhar a passos maiores a partir da década de 1950, momento em que uma forte industrialização pós-guerra elevou a demanda por mão de obra e levou à migração de grande parte da população rural para a área urbana.
Com o crescimento das cidades e aumento do poder aquisitivo urbano, problemas de falta de alimentos foram se intensificando. Foi quando o governo percebeu que, para melhorar os baixos níveis de produtividade por hectare, seria necessário investir fortemente em pesquisa e tecnologia, além de políticas públicas de prioridade e alta disponibilidade de crédito rural.
Com isso, a estrutura agrícola do país foi sendo completamente modernizada nas décadas seguintes, aumentando a produção final de alimentos não só para suprir as demandas das cidades em crescimento, mas transformando o Brasil no grande exportador agrícola que é hoje.
Interessante, não é?
E, analisando essa jornada de constantes transformações e seus importantes impactos, fica evidente a importância de se manter atento às novas mudanças em andamento, para entender de que forma planejar os próximos passos dentro desse mercado e também para estar preparado para o que vem por aí.
Por isso, acompanhe agora as megatendências para a agricultura nos próximos anos!
1. Sustentabilidade
Esta é, certamente, a maior tendência não apenas na agricultura, mas de forma global, em todos os segmentos de mercado, considerando tanto quesitos ambientais quanto sociais e econômicos.
Para o agronegócio, as principais variáveis em jogo são a crescente demanda por alimentos, bens e serviços, acompanhando o crescimento da população mundial, e, em contrapartida, uma finitude de recursos naturais para suprir tudo isso.
Como vemos, a conta não fecha, e a pressão por uma produção mais sustentável e eficiente, que considere a diminuição de carbono, conservação de água, manutenção da longevidade dos solos, maior controle no uso de defensivos, redução de desperdícios e melhoria das condições de trabalho no campo é cada vez maior.
Então, de que forma será possível resolver esses problemas?
A soluções digitais devem vir com tudo para o setor, incrementando robótica e automação aos processos produtivos, algo essencial para o aperfeiçoamento da produtividade. Além disso, bioeconomia e adequações ambientais das propriedades rurais serão necessárias para cumprir o aspecto preservacionista, além de um maior incentivo à valorização dos serviços agroambientais e agendas ESG.
E aí, quer entender melhor quais práticas se adequam a essa megatendência? Veja este conteúdo sobre sustentabilidade na agricultura!
2. Adaptação climática
Um dos setores que mais serão impactados pelas mudanças climáticas em andamento é, certamente, o agrícola, tanto em nível nacional quanto global. Isso porque a atividade de plantio é diretamente influenciada por essas condições, seja em temperatura, níveis de chuva, incidência solar, etc.
Nesse sentido, como o problema climático é uma realidade crescente, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de biotecnologias são essenciais para buscar sistemas de produção mais resilientes e adaptáveis a fatores externos, e de acordo com as mudanças específicas que irão afetar cada país, considerando que as diferentes regiões terrestres possuem padrões climáticos distintos.
Os governos precisam pensar essa questão estrategicamente para suprir o nível de produção condizente com as demandas e garantir seu espaço no mercado, o que afetará diretamente a economia do país.
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3. Agrodigital
Não é segredo que o universo digital está em todos os lugares e cada vez mais. A internet das coisas é uma realidade que não tem volta, com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que têm moldado as cadeias produtivas e setores econômicos de forma generalizada, e é claro que a agricultura não poderia ser exceção.
Tecnologias como IoT, 5G, bit data, computação quântica, robótica, realidade aumentada, sensores, impressões 3D e 4D, sistemas integrados, conectividade, machine learning e inteligência artificial, blockchain, etc., têm sido visadas em favor de uma nova revolução no campo, com níveis de avanço similares à mecanização do início do século XX. O objetivo? Aumento de rendimento e redução de custos, agregados a um menor impacto ambiental.
Mas, de que forma isso vai acontecer?
Por meio da interconexão de dados que refletem o gerenciamento de diversas tarefas nas fazendas, captados a partir de sensores, drones, máquinas e satélites. Com isso, será possível monitorar e controlar ações mais inteligentes sobre o solo, água, animais e trabalhadores, além de facilitar decisões técnicas e gerenciais, para um melhor planejamento de produção, armazenamento, processamento e comercialização.
Como vimos, a chamada “digitalização do agro” traz inúmeros benefícios essenciais em relação à evolução do setor. Porém, os desafios também precisam ser trabalhados nesse processo. Além da evolução científica em si, também o provável crescimento de uma concorrência desleal entre produtores que possuem recursos suficientes para dispor de todas essas tecnologias de ponta e aqueles que não alcançam esse patamar.
A sustentabilidade, afinal, considera uma preocupação social também, e essa diferença de condições entre os produtores pode gerar conflitos dessa natureza e empobrecimento, além do próprio resultado econômico, que também é impactado pelas dinâmicas de concorrência no mercado.
4. Concentração da produção
Essa megatendência está relacionada a alterações espaciais ligadas tanto à migração rural-urbana quanto às mudanças nas regiões produtoras, com o surgimento de novas áreas de produção.
Ambos os contextos estão atrelados ao desenvolvimento das novas tecnologias de digitalização do agro, que acabam desencadeando um sucessivo esvaziamento do campo, resultado da substituição de mão de obra humana por ações automatizadas, e uma maior concentração da produção, decorrente da diminuição na quantidade de produtores.
Em nível nacional, esses processos vêm criando um efeito migratório, com o deslocamento da produção do Sul-Sudeste para o Centro-Oeste e Norte do país. Isso leva a um novo desafio que requer planejamento, considerando possíveis impactos nos biomas Amazônia e Cerrado, que podem ser bastante preocupantes.
Complexo, não é mesmo? Continue lendo para conferir mais uma megatendência que vêm por aí!
5. Biorrevolução
Biotecnologia, biologia sintética, estudos em genômica e fenômica vegetal, animal e em microrganismos, edição de genes, desenvolvimento de biomoléculas, entre outros biossistemas. E, como já deixa claro o termo, essa biorrevolução se apresenta como uma alternativa capaz de revolucionar o sistema alimentar, em nível mundial, e isso começa, é claro, pelo início da cadeia: nos processos produtivos.
O avanço das ciências biológicas associado às ferramentas digitais será capaz transformar a agricultura, bem como os contextos da saúde, energia e economia. Na agricultura, os maiores benefícios são o aumento da produtividade, um melhor controle de pragas e novas fontes de energia, além de uma resposta a desafios globais de alta prioridade, como as mudanças climáticas, que já comentamos, e também novas pandemias.
Veja abaixo algumas implicações diretas desse contexto!
Biologia sintética: com uma redução no uso de fertilizantes sintéticos e maior resistência a patógenos, será possível aumentar os níveis de produtividade e de forma mais sustentável;
Nanotecnologia: desenvolvimento de materiais a partir de resíduos agroindustriais, embalagens que aumentem a durabilidade dos alimentos e nanoestruturas que melhorem a absorção e diminuam as perdas de nutrientes do solo;
Biossensores: esses sensores nanoestruturados e os sistemas ciberfísicos demonstram uma importante integração entre tecnologias de base biológica e digital, que será capaz de orientar tomadas de decisão mais inteligentes tanto pelo produtor quanto pela indústria, consumidor e área da saúde;
Proteínas alternativas: o desenvolvimento de novas proteínas de origem vegetal e cultivo de células são um grande exemplo de uma agricultura multisetorial, que integra outras áreas emergentes, como biotecnologia e saúde.
E aí, você já tinha parado para analisar o quanto algo aparentemente tão comum, como os alimentos que consumimos todos os dias, pode ter impactos tão grandes nos contextos social, econômico e ambiental, no Brasil e no mundo?