Conheça uma das maiores tendências para a produção agrícola, suas características, vantagens e saiba como aplicá-la aos negócios.
Em um cenário de grandes oportunidades oferecidas pelo poder computacional, é cada vez mais comum ver novos dispositivos e sistemas incorporados à rotina de empreendimentos diversos. Na agricultura, não é diferente: o uso de ferramentas digitais já é uma estratégia consolidada para aumentar a produção, reduzir custos e agregar valor aos produtos.
Segundo uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aproximadamente 84% dos agricultores brasileiros já contam com pelo menos uma tecnologia digital para apoiar a sua produção. Nesse contexto de forte digitalização, a agricultura de precisão (AP) tem se destacado como um sistema capaz de tornar a atividade mais competitiva.
Quer saber o que é agricultura de precisão, como ela funciona e como aplicá-la na prática? Leia este artigo e descubra.
O que é a agricultura de precisão?
Quando falamos de agricultura de precisão, nos referimos ao uso de um conjunto de ferramentas e inovações tecnológicas que permitem o conhecimento e o monitoramento completo e detalhado de toda a área de cultivo de uma lavoura.
Isso porque, ao contrário da agricultura tradicional, nesse tipo de manejo as desuniformidades dos terrenos são consideradas e exploradas com o objetivo de gerar mais resultados, menos impactos e desperdícios.
Mas como isso acontece? Em primeiro lugar, as desuniformidades são as variações das condições em cada parte da fazenda. Por exemplo, das características físicas e químicas do solo, de fertilidade, de água, praga, infestações e assim por diante.
Essas variações são identificadas com o auxílio de sensores e ferramentas que permitem ao produtor rural compreender as suas causas e aplicar os insumos ideais para cada região.
Ferramentas como GPS e sensores são conectadas a máquinas agrícolas e sistemas de informação geográfica, facilitando bastante a correção de problemas como ervas daninhas, compactação excessiva e falta de nutrientes ao mesmo tempo em que o uso de insumos é otimizado.
Leia também: 4 dicas para otimizar seu sistema de produção agrícola.
Quais são as principais ferramentas do modelo?
Embora o GPS venha à mente quando pensamos em monitoramento de espaço, a agricultura de precisão vai muito além do uso desse dispositivo. A seguir, vamos apresentar os equipamentos mais utilizados.
Sensores
Os sensores são dispositivos que ajudam a monitorar e otimizar as culturas, permitindo a criação de um mapa de produtividade eficiente. Existem diferentes tipos de sensores:
- localização: usam sinais de satélites GPS para criar uma representação topográfica do terreno, oferecendo informações importantes para o cultivo;
- ópticos: são posicionados em máquinas, veículos ou dispositivos aéreos, como drones, para coletar dados do solo, principalmente as suas propriedades;
- eletroquímicos: costumam ser usados em conjunto com veículos projetados especialmente para a finalidade de monitoramento de informações químicas do solo, como pH e níveis de nutrientes;
- mecânicos: acoplados a uma sonda, penetram no solo e registram a força usada pelas raízes para a absorção de água. Por isso, são muito importantes para a irrigação;
- capacitivos: graças às suas propriedades elétricas, são usados para avaliar os níveis de umidade do solo.
Piloto automático
Os pilotos automáticos são tecnologias que guiam as máquinas agrícolas de forma automática. Eles permitem a correção da rota de tratores e veículos sempre que necessário, o que aumenta a precisão do trabalho e reduz o esforço dos operadores.
Isso porque os sistemas mantêm as máquinas em velocidade constante, assegurando a aplicação adequada de jatos de pulverização em cada parte da lavoura.
Controle de aplicação de insumos
Hoje em dia, já existem sistemas que fazem a aplicação de agroquímicos de forma localizada a partir da leitura por luz vermelha. Um exemplo é a tecnologia Weedseeker, que realiza, de forma automatizada, a aplicação de produtos apenas em um ponto selecionado.
Dessa forma, ajuda o produtor a evitar desperdícios, danos causados a áreas vizinhas e a aproveitar as melhores condições para a absorção dos produtos.
Adubação de precisão
A adubação de precisão é um sistema que faz o mapeamento da fertilidade do solo com o auxílio de um grid amostral. Com o auxílio das informações coletadas, que têm alta precisão, a adubação é direcionada a áreas que realmente precisam dos insumos — minimizando perdas.
Apesar de termos citado alguns dos sistemas mais utilizados, novas tecnologias são desenvolvidas a cada dia, ampliando, em rápida velocidade, as possibilidades para quem produz.
Quais são as vantagens da agricultura de precisão?
Em comparação com a agricultura convencional, a agricultura de precisão apresenta grandes vantagens. Apesar de ter custos elevados para a implementação de sistemas, adequação de maquinário e contratação de profissionais capacitados, esse investimento pode ser recuperado rapidamente devido aos benefícios da AP. Os principais deles são:
- otimização do uso de insumos;
- redução de desperdícios na safra;
- eliminação de gastos desnecessários;
- controle da área total da lavoura;
- agilidade para a tomada de decisões;
- otimização de todas as fases da produção;
- aumento da produtividade.
Além disso, o aumento da eficiência tem capacidade para reduzir os impactos ambientais e aumentar a saúde do solo. Assim, esse manejo também é mais sustentável, indo de encontro às novas exigências do mercado.
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E no Brasil, como funciona a agricultura de precisão?
Apesar da importância do Brasil como produtor agrícola — o país é um dos maiores exportadores mundiais —, a agricultura de precisão ainda não é amplamente adotada aqui. Isso por causa de barreiras como o custo das tecnologias e a falta de mão de obra qualificada para trabalhar com elas.
No entanto, o tema foi introduzido no país em 1990 e nos anos 200, políticas públicas de financiamento no campo passaram a ser adotadas com o objetivo de ampliar o acesso a máquinas e ferramentas de precisão. Em 2017, foi criada a Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBRAsP), que busca contribuir para o desenvolvimento e a difusão de práticas, técnicas e tecnologias comuns do modelo.
Como grande produtor, o Brasil tem potencial para aumentar a produtividade em lavouras de todas as suas regiões com o uso da agricultura de precisão. Assim, pode conquistar diferenciais que garantam mais competitividade e sustentabilidade, aumentando as suas oportunidades no cenário internacional.
Como aplicar a agricultura de precisão?
Em primeiro lugar, antes de implementar novas técnicas e tecnologias, é fundamental que o produtor entenda bem as necessidades da sua lavoura. E isso inclui o nível de produção desejado, da verba disponível e, claro, das condições do terreno e da plantação.
Embora as tecnologias sejam, sim, mais caras, é possível implementar o modelo com menos recursos. Tudo vai depender, como dissemos, das condições de cada produtor. Por exemplo, fazendas menores podem ter as áreas menos produtivas exploradas com o auxílio de um gestor presente e disciplinado para reportar, com detalhes, o que acontece em cada área da propriedade.
Mas partindo para a parte prática, uma das principais etapas para a implantação da AP nas fazendas é ter um mapeamento da produtividade de cada cultura, que é feito por meio dos mapas de colheita.
A partir desse mapa será possível avaliar as condições do campo, identificar problemas e buscar soluções adequadas em um planejamento de amostragem, que é a análise de atributos da agricultura em uma porção de terra. Entre os pontos analisados estão atributos físicos e químicos do solo, pragas e estado nutricional.
São muitas as informações que devem ser reunidas e estudadas cuidadosamente para que você encontre as ferramentas e soluções mais adequadas para a sua lavoura.
Agora que você já conhece a agricultura de precisão e sabe como aplicá-la, aproveite para saber tudo sobre a manutenção de equipamentos agrícolas em um guia produzido pela Ciser!