Pouco discutido no Brasil, o geoprocessamento permite a análise profunda de dados geográficos e é fundamental para a evolução do segmento. Conheça.
A construção civil evoluiu a passos largos nas últimas décadas. Durante séculos, a necessidade de informações geográficas na sociedade foi focada na busca por alimentos e recursos naturais. Nas últimas cinco décadas, porém, os avanços tecnológicos foram astronômicos e, devido ao rápido aumento da população, a definição de soluções que garantam um crescimento sustentável das cidades tornou-se necessária.
Com isso, os dados geográficos ganham uma função estratégica: analisar e compreender as características dos terrenos para propor e desenvolver construções mais seguras e inteligentes. É na segunda metade do século XX, aproximadamente na década de 1970, que os estudos geográficos saem dos clássicos mapas de papel e chegam aos computadores.
O surgimento da informática possibilitou o armazenamento de dados e deu início ao geoprocessamento. Hoje, vamos falar dessas tecnologias e sistemas que, direta ou indiretamente, também são essenciais na criação de toda obra.
O que é geoprocessamento?
É o conjunto de técnicas, chamadas de geotecnologias, utilizadas para coletar e tratar dados espaciais com objetivos específicos: criar cartas topográficas, mapas, plantas, além de poder associar suas coordenadas. Com elas, especialistas podem analisar detalhadamente as áreas, diagnosticar problemas e traçar soluções estratégicas rapidamente.
Na construção civil, o geoprocessamento é fundamental. Onde fazer a obra? O solo está propício para a construção? Será necessária a instalação de alguma infraestrutura adicional no local, como cabeamento ou rede de esgoto? Todos esses questionamentos – e inúmeros outros – recebem respostas precisas por meio da análise da área de geoprocessamento.
Principais geotecnologias
- Topografia: é solicitada antes do início da construção. Isso porque é um estudo detalhado das características de um terreno, que traz informações sobre seus níveis, demarcação de seus limites, bem como elementos construtivos ou de infraestrutura existentes. Também é utilizado como base para o projeto de terraplanagem, definição de cotas do empreendimento a ser construído e, após o projeto concluído, a locação da obra.
- Fotogrametria: conforme o nome já indica, a técnica utiliza fotografias aéreas para realizar medições rigorosas do terreno e de suas características.
- Mapas interativos on-line: os webgis, como também são conhecidos, reúnem dados demográficos, geográficos e de infraestrutura, de uma cidade ou região, de maneira interativa. Um ótimo exemplo é o mapa interativo criado pelo governo de Brasília, em que qualquer habitante pode conferir facilmente todos os dados georreferenciados – retirados de localizações baseadas no sistema de coordenadas – do Distrito Federal.
- Drones: o uso de drones chegou como uma revolução no geoprocessamento e, consequentemente, na construção civil. A principal vantagem do equipamento é a possibilidade de mapear áreas vastas e, com inovadores sistemas embutidos, gerar dados cartográficos sem necessidade de uma equipe.
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Sensoriamento Remoto (SR)
É a tecnologia capaz de obter imagens e outros tipos de dados por meio do monitoramento da superfície terrestre. O geoprocessamento passou por uma verdadeira transformação com a criação do Google Earth. A combinação entre imagens de satélite, GPS e associação de coordenadas em uma única plataforma, de acesso gratuito, possibilitou estudos topográficos de todas as regiões do planeta com uma praticidade nunca antes imaginada.
Outro programa especializado em Sensoriamento Remoto – com processamento de dados, imagens e análise espacial – é o Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Sistema de Informações Geográficas (SIG)
De nada adianta o investimento em todas as geotecnologias citadas acima sem o uso de ferramentas computacionais que transformem as informações coletadas em dados relevantes para o objetivo final. O SIG é um sistema que integra todas as informações, das diferentes geotecnologias, e cria um banco de dados geográficos com funções de armazenamento e recuperação de informação espacial. Fazem parte do Sistema de Informações Geográficas: metodologias, uso de GPS e diversos softwares de captação.
Aplicações do geoprocessamento na construção civil
Descubra como o geoprocessamento está presente no dia a dia da construção civil.
- Cadastro de infraestrutura: para delimitar exatamente quais áreas possuem acesso à iluminação, saneamento básico e demais características de infraestrutura, é preciso fazer o geoprocessamento. Essas informações são fundamentais para construtoras e órgãos públicos.
- Cadastro predial: para o registro de um imóvel, os órgãos públicos ficam responsáveis por coletar dados geográficos das zonas urbanas. É importante lembrar que o valor do IPTU é calculado com base nos dados informados, então o uso de SIGs garante maior precisão e segurança no cadastro.
- Expansão de unidades habitacionais: com geotecnologias, os órgãos responsáveis conseguem estimar a população atual, identificar áreas de risco e clandestinas, e, até mesmo, auxiliar na definição de novas estratégias para incentivar o crescimento demográfico.
- Planejamento urbano: o geoprocessamento também é extremamente útil na tomada de decisão de gestores governamentais em relação à construção civil. Ao reunir todos os dados geográficos relevantes em um só lugar (urbanização, características ambientais, etc.), o Sistema de Informações Geográficas auxilia a ter uma visão ampla e sustentável de crescimento da cidade, e pode ser usado como base para a criação do Plano Diretor Urbano (PDU) do município.
Viu só como o geoprocessamento está cada vez mais presente em seu dia a dia? Em poucas décadas, as geotecnologias evoluíram muito – em número e eficiência – e tornaram-se essenciais para o crescimento da construção civil no País. Quer acompanhar mais novidades sobre o segmento? Descubra agora as 6 inovações na construção civil que você precisa conhecer.